A infância de crianças criadas por mães solo

Por: Giulliane Andrade

Mãe e filho em momento de alegria. Créditos: Nathielly Maria Lima

A infância é a fase inicial da vida de uma pessoa, que vai desde o nascimento até os 12 anos incompletos. É nesse período da vida onde há muitas mudanças emocionais, comportamentais e físicas, porém, dentre todas essas mudanças há fatores que influenciam principalmente na questão das mudanças emocionais e comportamentais, como o quadro social, familiar entre outros no qual essa criança está inserida

Davi Lucas Mendonça Furtado, é uma criança de 6 anos de idade, que atualmente é criado somente por sua mãe a manicure Ruthielly Silva Mendonça, de 26 anos. Ruthielly conta como é a rotina de seu filho. “Davi é uma criança bem elétrica e gosta demais de brincar e dos amiguinhos, aqui na vizinhança tem algumas crianças e sempre que Davi os vê por ali na calçada pede para brincar, de maneira geral, Davi é uma criança que tem uma infância saudável, não é retraído e é bem sociável” diz Ruthielly.

No contexto geral de nossa sociedade, observa-se que as pessoas acham que um convívio de uma criança com os pais é bastante importante, no caso de Davi, que mora com sua mãe, avó e tio, não há vestígios de que sua infância e comportamento foram afetados por
não ter um convívio diário com seu pai, como conta Ruthielly “Nunca percebi nada de diferente no comportamento de Davi, pelo fato de ser criado somente por mim, ele tem contato com o pai, porém é criado somente por mim e sempre tentei observar o seu comportamento, e achei super normal até então, ele é bem amoroso e educado”. Davi conta que gosta muito de sua rotina “Eu gosto de brincar com a minha mãe e com meus amigos, e gosto também de sair para passear com minha mãe e minha avó”

Davi Lucas e sua mãe Ruthielly Mendonça brincando juntos. Créditos: Maria Eduarda Anchieta

Não muito diferente da rotina de Davi Lucas, Anna Julya Borges Araújo, de 8 anos, também foi criada por muitos anos somente por sua mãe a empreendedora Julyanna Carvalho Borges, de 30 anos, a única diferença é que Anna não tem contato com seu genitor como conta Julyanna “Anna não tem contato com o genitor dela, mas desde sempre eu observei ela pra saber se essa “falta do pai” não a faria ter comportamentos estranhos ou algum abalo no seu emocional, e não, nunca vi nada de diferente, ela sempre foi uma criança normal dentro dos padrões, bastante autêntica, brincalhona e extrovertida, acredito que de forma nenhuma a infância dela pode ter sido afetada pela ausência de seu genitor” afirma Julyanna.

Anna Julya e sua mãe Julyanna Carvalho. Créditos: Jefferson Carvalho
Anna Julya e Julyanna posando para foto. Créditos: Jefferson Carvalho
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Amor de mãe e filha. Créditos: Jefferson Carvalho

A psicóloga Dayse Chaves, especialista em Neuropsicologia e doutorando em psicologia
clínica, afirma que não há nenhuma evidência científica que comprove que a infância de uma criança é afetada por ser criada somente pela mãe, ela diz que há sim uma questão social que pode acabar afetando a criança, e sua infância, que é pelo fato da sociedade ter criado há muitos anos um padrão tradicional de família, no caso um casal, uma mãe e um pai, um casal heterossexual, e as vezes as crianças que não estão inseridas nesse padrão acabam sofrendo por questões sociais.

Dayse ainda afirma que há casos de crianças criadas por mãe solo que podem sofrer
discriminações, e por isso pode afetar o emocional de crianças mais frágeis “Às vezes na
escola tem aquela questão de ser comparado, porque não tem o pai, no dia dos pais e
essas coisas, a criança pode ser afetada nesse âmbito, mas como dito anteriormente não
há nenhuma evidência científica que comprove que a falta da figura paterna possa afetar a
infância de uma criança”. Porém ela complementa dizendo que cada indivíduo é um só, e
que não dá pra generalizar, que cada criança deve ser observada com carinho e que a
infância é um período muito bonito e importante, formador de caráter. Dayse fala que em
qualquer sinal de comportamento estranho de uma criança, seja ela criada por mãe solo,
pelos pais, avós, é de suma importância procurar uma ajuda profissional de um psicólogo,
para tentar entender e tornar a infância dessa criança saudável.

Psicóloga Dayse Chaves