A cidade que acolhe os venezuelanos

A cidade que acolhe os venezuelanos

A dura vida dos refugiados venezuelanos que vieram tentar uma vida melhor em Imperatriz

Com a crise política e financeira na Venezuela, muitos venezuelanos estão fugindo do próprio país para tentar uma vida melhor em outros países, entre eles o Brasil. Aos poucos alguns refugiados venezuelanos se espalham por várias cidades brasileiras, como a cidade de Imperatriz, que fica no estado do Maranhão onde atualmente vivem mais de 40 venezuelanos, a maioria são indígenas da tribo Warao que vieram da cidade de Tucupita, capital do estado Delta Amacuro. Sem condições de pagar o aluguel de uma casa, os indígenas venezuelanos que estão em Imperatriz foram na Fundação Nacional do Índio-FUNAI- para não só encontrar um abrigo, mas sim um refúgio para eles.
“Eu ouvi dizer que na Venezuela não tem quase ninguém, muitos estão na fronteira, já outros estão indo embora para outros países”, diz o pescador Brirrillo Fuentes Gonsalez, um dos integrantes da tribo Warao que está na Funai de Imperatriz. Para Brirrillo, o motivo que o levou a sair da Venezuela é o caos financeiro que o país enfrenta. “ Para mim acabou tudo lá, é difícil encontrar emprego lá e quando acha não dá para comprar um quilo de farinha”, relata.

Brirrillo nos diz que encontra dificuldades em achar trabalho no Brasil por causa da falta de alguns de seus documentos que estão na Venezuela,” toda vez que eu ia conseguir o emprego exigiam os documentos que eu não tenho, desabafa. Ele nos conta que para sobreviver aqui eles vão para a rua para pedir comida.

Um futuro incerto

“Eu estou aqui em busca de trabalho e de melhores condições, lá na Venezuela as coisas estão muito difíceis”, diz a jovem Weslyarmis Sanchez natural do estado de Vargas, veio junto com seu primo Vitor Marin, sua prima, sua tia e seu sobrinho, tentar a sorte aqui no Brasil. Grávida de seis meses, ela e Vitor vão todas as tardes para a BR-010 de Imperatriz vender balinhas a qualquer preço.
Com muita dificuldade de entender a língua portuguesa, Weslyarmis nos conta que sente muita saudade de seus familiares que ficaram na Venezuela e que infelizmente não tem condições de voltar para seu país. Ela também nos diz que gostaria de receber algum auxílio de algum órgão público mas que infelizmente até agora não recebeu ajuda.
Vitor Marin tem menos dificuldades de entender o português. Há mais de três meses em Imperatriz, ele nos conta que no momento está vendendo doces para sobreviver e que encontra menos dificuldades aqui do que no seu país. De acordo com ele está muito difícil viver na Venezuela, “ não tem recursos, não tem medicamentos, não tem comida”, relata Vitor.

Mas afinal, o que está acontecendo na Venezuela?

Atualmente a Venezuela vive uma das piores crises nas áreas da política, humanitária e econômica desde 2013, como o aumento da inflação que já ultrapassou mais de um milhão, falta de comida, as sanções econômicas dos Estados Unidos, fome, a ditadura. No início de 2019 as coisas começaram a piorar, o presidente da Venezuela Nicolás Maduro está em guerra contra o ex presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Juan Guaidó que se auto declarou presidente interino do país ganhando não só apoio da oposição como também de uma boa parte internacional.
Por conta de toda essa crise, cerca de quatro milhões de venezuelanos fugiram da Venezuela. Dentre os países que mais receberam refugiados venezuelanos, cinco estão na América do sul, são eles: Colômbia (1,3 milhão de venezuelanos), Perú (768 mil venezuelanos), Equador (263 mil venezuelanos),Brasil (168 mil venezuelanos) e Argentina (130 mil venezuelanos).

Direitos

De acordo com a assistente social da Secretaria de Desenvolvimento Social Karla Maysa Bringel, esse novo fenômeno social está chamando a atenção não só da prefeitura mas de toda sociedade imperatrizense, “os primeiros que chegaram a gente foi encaminhando eles para São Luís. Só que agora nesse momento chegou uma quantidade maior,né, que estão se fixando. Então a partir desse momento começa a chamar atenção da sociedade, da comunidade e do poder público”, relata Karla Maysa Bringel.
Karla Maysa nos conta que a prefeitura já está se organizando para dá auxílio aos venezuelanos que estão em Imperatriz, como a escolha de um lugar específico para abrigá-los e protegê-los. “Então tem que ter um espaço específico só para eles. Que é esse espaço que o município está em busca. E pode ser que seja logo ou pode ser que demore mais. Enquanto isso nós vamos reunir, vamos se organizar, vamos planejar, vamos entender quem são eles, como vivem e que tipo de ação nos vamos ofertar”, diz Karla. Para ela todos eles tem o mesmo direito que os brasileiros tem, “são estrangeiros que são considerados refugiados então a partir do momento que eles recebem refúgio no país eles passam a ter direitos”, diz Karla Maysa.

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