Seu Antônio trabalha há 20 anos como camelô, na esquina da rua Simplício Moreira com o Calçadão, onde fica parte do famoso Armazém Paraíba. O ponto é bastante disputado por vendedores ambulantes, pois um grande fluxo de pessoas circula por lá, que poderia causar um certa rixa por clientes. Mas não é que acontece.
A banca de Antônio fica localizada exatamente entre as bancas de Ronaldo, que está lá há 11 anos, e de Fábio, que trabalha no local há 8 anos. Os empreendimentos ficam tão pertos uns dos outros, que é difícil de identificar onde termina um e começa o próximo, ainda mais porque as três bancas vendem muitos produtos em comum.
“A gente ajuda uns aos outros aqui. Se um vai almoçar, o outro fica olhando. Se um cliente se interessa por um carregador na banca dele, eu vendo o da banca dele e guardo o dinheiro, mesmo tendo o mesmo produto na minha banca.” diz Antônio, que tem 48 anos de idade.
A relação entre os camelôs é de amizade e respeito, como conta Ronaldo, de 34 anos, o segundo mais antigo do ponto: “A gente vai se ajudando. Ás vezes, o cliente procura um cinto aqui, mas não gosta muito do modelo, vai na banca do lado e tem o modelo que ele gosta. A gente sempre troca indicação.”
Fábio, 31 anos, é o mais jovem entre eles e o que está há menos tempo como vendedor ambulante. Ele lembra que entre os três nunca houve confusão. “Durante esse tempo já passaram vários. Aqui, acolá, chega um novato. A gente tenta ajeitar, mas a maioria não aguenta a pressão e acaba saindo.”
Os três camelôs que ficam todos os dias na mesma esquina do Calçadão, estão mais para uma equipe; do que para concorrentes. O adversário parece ser outro: “o problema maior é a Prefeitura, tem um período que eles sempre vêm aqui, expulsam a gente, chegam até a levar mercadoria”, reclama Seu Antônio.