Texto de Ana Vitória Figueredo e Eduarda Ferreira
Fotos de Eduarda Ferreira
Entre os anos de 2020 a 2025, quinze mulheres foram assassinadas em Imperatriz (MA), vítimas de feminicídio, segundo dados da Delegacia de Homicídios. O levantamento mostra que a violência de gênero na cidade atinge mulheres de diferentes faixas etárias, dos dezoito aos sessenta e cinco anos, e é cometida por agressores que variam dos dezessete aos sessenta e sete anos, revelando que o crime não se limita a uma faixa etária ou classe social.

Casa da Mulher acolhe as vítimas de violência na cidade
Um crime chega a ser apontado como feminicídio quando o principal ponto é porque o crime foi cometido pelo fato da vítima ser do sexo feminino. Os dados apurados pela Delegacia de Homicídios mostram que as principais armas usadas para cometerem tais atos são: arma branca, arma de fogo e em alguns houver mortes por asfixia e espancamento. Certos bairros em Imperatriz (MA) apontados nas pesquisas onde aconteceram esses crimes são: Lagoa Verde, Centro, Novo Horizonte, Vila Nova, Camaçari, Santa Rita, Nova Imperatriz, Parque Alvorada II, Vila Lobão e Mercadinho.
O feminicídio é a última etapa de uma sequência de violência contra a mulher, explica a delegada da Casa da Mulher Maranhense, Cinthia Miranda. De acordo com ela, os casos na maioria das vezes seguem um ciclo de agressões começando pelas agressões verbais e crimes contra a honra, como difamação e calúnia. Evoluindo para agressões físicas, e ao chegar às situações extremas o crime avança para o feminicídio, quando as vítimas acabam sendo mortas.
A violência psicológica causada as vítimas são apresentadas pelo agressor para manipular a vítima para que elas se mantenham silenciadas e para que continuem presas a essas manipulações “enquanto a mulher está no ciclo de violência psicológica ela não enxerga que está com um agressor, ela enxerga aquela forma que o agressor trata ela muitas vezes como amor” explica a delegada Cinthia.
A psicóloga Danielle Rodrigues Ribeiro Saraiva, que atua no Centro de Referência de Atendimento à Mulher (CRAM), há cinco anos explica que o primeiro contato das vítimas de violência ocorre, geralmente, na Casa da Mulher Maranhense. Segundo ela, a triagem é realizada por uma equipe formada por assistentes sociais e psicólogas, responsáveis por acolher e identificar as necessidades de cada mulher. Nesse momento, as técnicas orientam sobre os serviços disponíveis, uma etapa fundamental no processo de acolhimento. “Nem sempre a mulher está pronta para denunciar”, destacou. De acordo com a profissional, muitas chegam sem saber exatamente o que pretendem fazer: se desejam registrar a denúncia, pedir uma medida protetiva ou apenas buscar apoio psicológico. Nesses casos, as profissionais orientam sobre os serviços disponíveis e acompanham a vítima conforme sua decisão.
O CRAM (Centro de Referência de Atendimento à Mulher) é composto por três assistentes sociais e duas psicólogas, que avaliam as necessidades imediatas. Caso a vítima não queira denunciar, será encaminhada direto para a Defensoria Pública, visto que, uma medida protetiva não precisa necessariamente de um Boletim de Ocorrência (BO). Muitas optam por não fazer o BO, mas se ocorrer algo grave, elas podem fazer os procedimentos na delegacia. Dentro da casa, há órgãos como as Varas da Mulher: 1° e 2° Vara, a Promotoria e a Delegacia, que lidam com questões como separação, guarda de filhos e divisão de bens.
Entre 2019 e 2025, o Maranhão registrou 400 casos de feminicídio, segundo a SSP-MA (Secretaria de Segurança Pública do Maranhão), Pesquisas baseadas em dados do IBGE e estudos acadêmicos estimam que esse número pode ter deixado mais de 1.100 crianças órfãs apenas nesse período. O Mapa Nacional da Violência Contra a Mulher aponta, no entanto, que a realidade pode ser ainda mais grave. A forte subnotificação de casos faz com que os números oficiais não revelem a verdadeira dimensão da violência de gênero no país.
Apesar desse cenário, esforços do sistema de Justiça têm buscado fortalecer o enfrentamento à violência doméstica. Segundo o Painel da Violência Doméstica, até junho deste ano, a Justiça de 1º grau do Maranhão já havia realizado 5.883 julgamentos de feminicídio e apreciado 291.556 processos relacionados à violência doméstica, em cumprimento à Lei Maria da Penha e às políticas de gênero em vigor.
Busca por ajuda e orientação em imperatriz:
Casa da Mulher Maranhense
Telefone: (99) 984608502
Rua: Av. São Sebastião – Vila Nova, Imperatriz – MA, 65912-100
Horário de atendimento: 08:00 – 18:00 (segunda a sexta-feira)
Delegacia de Homicídios de Imperatriz
Telefone: (99) 3582-8969
Endereço: Avenida Babaçulândia, s/n°, esquina com Rua Dom Vital, Vila Lobão, antigo prédio do Detran, em frente à Casa do Beef, Imperatriz – MA., Imperatriz 65910000
Horário de atendimento: 24 horas
Fontes desta reportagem:
Danielle Rodrigues Ribeiro Saraiva (psicóloga do CRAM)
Rodrigo de Freitas Pellegrini ( Delegado da Polícia Civil de Homicídios)
Cinthia Miranda ( Delegada da Casa da Mulher Maranhense)