Por: Rita Maria Sousa
“A partir da hora que começou o serviço de lotação, já teve uma mudança. Aí depois veio o mototáxi, piorou mais ainda.” Foi o que disse José Francisco Pereira, 66 anos, que há mais de trinta anos trabalha como taxista na Praça de Fátima, em Imperatriz (MA).
Os profissionais do serviço de táxis convencionais na cidade enfrentam os desafios da concorrência com as plataformas de transporte, que oferecem corridas a preços muito mais baixos. Segundo a categoria, com a chegada de outras opções no transporte alternativo como os serviços de mototáxi, Uber e táxis de lotação, a procura por corridas tradicionais caiu consideravelmente.
Eles denunciam que a concorrência é desleal, especialmente em relação aos preços praticados pelos mototaxistas, motoristas de aplicativos e táxis de lotação. De acordo com José Francisco Pereira, os valores cobrados por esses serviços são muito inferiores ao que seria justo e, além disso, outros utilizam da mesma estratégia dos táxis convencionais, negociando diretamente com o cliente. Com isso, a demanda por corridas na praça onde ele trabalha fisicamente caiu cerca de 80%.

José Francisco Pereira, diz que a clientela caiu cerca de 80% com mototáxis e aplicativos.
“Para a gente que vive da praça, depois do Uber, praticamente está acabando”, desabafou o taxista, referindo-se ao futuro da profissão. O serviço de táxi, que já foi a principal fonte de renda da sua família, hoje é apenas um complemento à sua aposentadoria. Se fosse para sobreviver só do trabalho de taxista, não daria, ponderou Francisco.
Alberto Ferreira Andrade, 57 anos, com vinte anos que trabalha também na Praça de Fátima, é outro taxista que sente na pele os efeitos da disputa no setor de transporte. Ele relata que os serviços da plataforma Uber cobram valores muito abaixo da tarifa praticada pelos táxis convencionais, o que representa uma grande desvantagem para a categoria.
Por outro lado, Alberto destaca ainda que alguns motoristas da Uber não transportam bagagens, não ajudam o cliente a levar compras e malas até o bagageiro do veículo, e não podem aguardar os passageiros. Isso acaba sendo uma vantagem para ele. “Aí muita gente que migrou pra lá está voltando”, afirmou.

Alberto Andrade, taxista há 20 anos , afirma que parte dos passageiros tem voltado ao táxi pelo atendimento.
Segundo Ferreira, no início em que as plataformas de transporte começaram a operar no município, a demanda diminuiu. Mas agora, com certas exigências de boa parte dos motoristas das empresas de aplicativos, a procura pelo serviço melhorou.