“Não se mantém uma cidade limpa sem a colaboração do povo”, Superintendente da limpeza fala sobre falta de conscientização em Imperatriz

A gestão pública, profissionais da limpeza, comerciantes e frequentadores do centro da cidade falam sobre as dificuldades de manter o local limpo e a necessidade de urgência na conscientização da população de Imperatriz.

Por: Luiza Cruz

Frequentadores do centro de Imperatriz andam em meio ao lixo deixado nas ruas por lojistas (foto por: Luiza Cruz)

   Manter o centro de Imperatriz limpo é uma tarefa diária que exige logística, fiscalização e, acima de tudo, colaboração da população. À frente da superintendência de limpeza urbana está Manoel Conceição de Almeida, conhecido como Bebê Taxista, que coordena uma equipe de cerca de 180 servidores da empresa MB Construções, responsável pela execução dos serviços.

    A limpeza no centro da cidade segue um cronograma rigoroso. Regiões como o calçadão recebem atenção diária, com equipes atuando inclusive durante a madrugada, recolhendo resíduos deixados após o fechamento das lojas. “Vai também até às duas da manhã”, explica o superintendente, destacando o esforço para manter a área comercial em boas condições. Manoel destaca que quando ocorre algum evento especial que vai até tarde da noite, a equipe tem o cuidado de permanecer no local para fazer a limpeza imediata.

   Apesar da rotina intensa, o maior obstáculo, segundo Bebê Taxista, não está na operação, mas na conscientização da população. “Não se mantém uma cidade limpa sem a colaboração do povo”, afirma. O descarte irregular de lixo, o depósito de entulho em vias públicas e o hábito de colocar resíduos fora do horário da coleta são práticas recorrentes que comprometem o trabalho da superintendência.

   De acordo com Manoel, os munícipes andam nas ruas e jogam papel fora do carro, fazem uma reforma em casa, jogam os dejetos da construção na calçada ou no asfalto, botam o lixo doméstico antes do dia que vai passar o caminhão de lixo, o que normalmente faz com que animais de rua rasguem e espalhem desejos por todo o espaço. “Isso é efeito de falta de informação e esse é um desafio grande, orientar as pessoas para que eles entendam que essa limpeza depende de todos nós”, ele destaca, afirmando que não adianta ter uma superintendência da limpeza e ter muitos servidores se a população não colabora com a limpeza da cidade.

   A agente de limpeza Kelly Thais Lima Moraes, funcionária pública há 22 anos, destaca que os maiores desafios enfrentados pela equipe ocorrem durante eventos realizados na cidade. “É muita sujeira. A gente enfrenta bastante mesmo”, afirma. Segundo Kelly, a falta de colaboração da população é um dos principais obstáculos para manter a cidade limpa. “Jogam muito lixo nas ruas. Eles não colaboram de jeito nenhum. Tem gente que passa nos carros e joga lixo pela janela”, ela destaca que tem lixeiras espalhadas por todas as ruas do centro, mas as pessoas continuam jogando lixo pelas ruas.

   Ela acredita que a mudança depende de mais consciência por parte dos moradores. Kelly reforça que, apesar do esforço diário da equipe de limpeza, sem o apoio da população, o trabalho se torna ainda mais difícil. “A gente vive tentando manter a cidade limpa, mas se eles não colaborarem, isso é muito complicado”, diz a agente.

Orçamento para a limpeza da cidade

   De acordo com o superintendente, o orçamento destinado à limpeza urbana é significativo. A última licitação, realizada em 2021, previa cerca de R$ 35 milhões anuais. Para o novo contrato, o valor licitado chega a R$ 44 milhões. Em média, cerca de 95 mil reais são gastos por dia na limpeza da cidade. Embora nem todo o valor seja utilizado, ele ressalta que os recursos estão disponíveis para atender às necessidades da cidade sempre que necessário.

   A fiscalização é feita por uma equipe de oito a doze servidores, que percorrem os bairros cobrando resultados e verificando a qualidade do serviço. “Mas não é fácil, é um controle que não é cem por cento, porque a cidade é grande, com uma estrutura pequena, que ainda é uma estrutura do governo passado, da licitação passada”, ele comenta que espera que esse controle aumente na próxima licitação para dar conta de limpar realmente a cidade, conforme as suas necessidades.

Mesmo com lixeiras espalhadas por todo o centro, frequentadores ainda jogam o lixo no chão (foto: Luiza Cruz)

   Para Maria Cláudia de Jesus Câmara, promotora de vendas, 45 anos, que atua diariamente no centro da cidade, a responsabilidade pela sujeira nas ruas é clara: “A culpa é de quem usa o ambiente. O pessoal da limpeza acaba de limpar e o povo que está passeando joga lixo no chão”. Ela observa que, apesar da presença de lixeiras em diversos pontos, muitos ainda preferem descartar resíduos de forma inadequada. “Tem inúmeras lixeiras. Por que colocar o lixo no chão? Quem tem que se conscientizar são os próprios usuários”.

   Maria afirma que, no seu caso, não sofreu prejuízos diretos com a sujeira, mas acredita que os vendedores que trabalham com alimentação são mais afetados. Ela defende que qualquer iniciativa de melhoria precisa começar pela mudança de comportamento da população. “A conscientização tem que partir de um todo. Se eu tenho consciência de que não vou sujar, mas vem outro e joga papel no chão, aí não adianta. É o povo que tem que se conscientizar.”, diz a promotora.

Frequentadores reclamam da sujeira

   Elinio Maria da Costa Souza, 50 anos, atua como artesã e circula com frequência pelo Centro de Imperatriz. Para ela, o local não pode ser considerado totalmente limpo. “Eu não daria uma nota 10. As pessoas não são educadas, jogam lixo fora dos cestos, apesar de ter cestos em todos os postes”, afirma.

   Apesar da crítica ao comportamento da população, Elinio reconhece o trabalho da gestão municipal. “A prefeitura está fazendo o papel dela. Está passando, está recolhendo, está limpando”, observa. Ela relata que já presenciou diversas ações de limpeza no centro e confirma que a atuação da equipe é constante. “As pessoas sujam muito, mas também a gente vê a prefeitura atuando na limpeza, com certeza”.

   A frequentadora acredita que a falta de educação de alguns compromete a experiência de quem circula pelo local. “Alguns tipos de sujeira afetam, sim. Tem pessoas que usam partes do centro para fazer xixi, e esse cheiro incomoda tanto quem está passando quanto os lojistas”.

Planos para o futuro

   Além da limpeza, há planos ambiciosos para o futuro. O superintendente fala sobre planos para a cidade receber um aterro sanitário, encerrando o uso de lixões a céu aberto, mas para que isso ocorra, é necessário que tenha um plano de coleta seletiva, de forma que todo o lixo não vá para o aterro sanitário. É necessário que seja apenas doméstico e orgânico, que não tem como ser aproveitado. Os demais lixos vão ter uma coleta seletiva e um local próprio para levar, para que seja possível reciclar esse lixo. “Quando o lixo também é caro, é dinheiro. O lixo é um ouro. É só saber aproveitar”, diz o superintendente, reforçando o potencial econômico da reciclagem.

   A educação ambiental também está no radar da superintendência. A proposta é levar campanhas de conscientização às escolas, desde a educação infantil até o ensino superior. “Começando da escola, chega o efeito positivo também na casa. E chegando o efeito positivo em casa, sem dúvida nenhuma, a cidade vai sentir o efeito de forma positiva”, diz ele.