Frutas, calor e incertezas: o Calçadão de Imperatriz se transforma em feira a céu aberto

Por: Renata Sousa

O Calçadão de Imperatriz abriga diferentes histórias, entre elas, a de trabalhadores que sustentam suas famílias com a venda de frutas e verduras em bancas e barracas improvisadas. A rotina, marcada pelo calor intenso e pela incerteza das vendas, revela tanto a resistência dos ambulantes quanto as mudanças nas formas de pagamento que chegaram ao comércio popular.

Máximo Diniz da Silva, 75 anos, tem 44 anos de experiência, mas trabalha há pouco mais de oito anos ao redor do Calçadão de forma ambulante, ora fixo em um ponto, ora circulando com a banca. Apesar da longa trajetória, confessa que nunca se adaptou às tecnologias de pagamento. “Eu nem sei, nem conheço. Aí tenho uns amigos que fazem para mim. Mas, só dinheiro mesmo”, contou. Sobre as vendas, foi direto: “Está muito fraco. A gente só não para mesmo de uma vez por todas, porque se parar, fica pior”.

Apesar de estar de frente à banca de Máximo, Antônio Sousa Martins, 68 anos, vê a situação de maneira diferente e considera que o movimento está bom. Auxiliar de hortifruti, ele não comparece todos os dias ao centro comercial, mas quando está presente atende clientes com dinheiro, Pix e cartão, embora a maior parte ainda prefira pagar em dinheiro físico. Para ele, o maior desafio é o calor. “De um dia para outro, às vezes estraga. E dá prejuizo”, explicou.

Já Luis Carlos Santos, 50 anos, trabalha no Calçadão há seis anos. Durante as manhãs, circula entre a Rua Ceará e a Coronel Manuel Bandeira e só estaciona no calçadão quando o sol está mais forte. Ele percebeu um impacto positivo com os novos meios de pagamento, segundo ele, as vendas aumentaram.  E pontua que o rendimento como autônomo é melhor do que com carteira assinada: 

“Graças a Deus, dá para sobreviver. É melhor do que quando eu trabalhava”.

Atualmente, o espaço do Calçadão tem se transformado em uma espécie de feira a céu aberto, com vendedores ambulantes espalhados por toda a via. Onde se encontra de tudo, inclusive alimentos. As bancas de frutas não são regulares, e cada vendedor atua por conta própria. Em comum, eles compartilham a resistência frente às dificuldades e a adaptação diária a um trabalho que depende do fluxo de clientes, do clima e do cuidado para não deixar o produto estragar antes da venda.