“Não é resto, é cuidado”: entrevista com a criadora da primeira cozinha natural para cães e gatos em Imperatriz

Texto: Lisandra Oliveira 

Fotos: acervo pessoal


“Não é sobre alimentar para sobreviver. É sobre alimentar o seu animal para que ele viva com saúde, qualidade de vida e ainda viver por mais tempo.” A frase dita pela enfermeira Giselly Vieira define a proposta da Cão de Garfo, a primeira cozinha industrial de Imperatriz (MA) especializada na produção de alimentação natural para cães e gatos. Fundada em 2021, por Giselly, a empresa oferece refeições balanceadas e prontas para o consumo dos pets, com cardápios variados e ingredientes selecionados. O serviço vai além da alimentação: propõe um estilo de vida mais saudável para os animais, com foco em nutrição personalizada, controle sanitário e bem-estar. 

Formada em Enfermagem, Giselly atuou na área da saúde humana por 13 anos até decidir mudar o rumo da sua carreira, impulsionada pela história de sua cadela Lupita. Diante de sucessivos problemas de saúde do animal, encontrou na Alimentação Natural um caminho de cuidado que mudaria a vida da sua companheira e, posteriormente, de muitos outros pets. Nas redes sociais da Cão de Garfo, Giselly reforça que Alimentação Natural não é resto de comida, mas uma escolha nutricional baseada em necessidades reais de cada bichinho. 

Determinada a oferecer um serviço de excelência, a enfermeira investiu em formação com especialistas renomados do Brasil na área da nutrição animal. A partir desse conhecimento acumulado, ela estruturou a primeira cozinha industrial de Imperatriz voltada exclusivamente para produção de alimentos naturais destinados a cães e gatos. Mais do que um diferencial, o espaço representa um compromisso com a segurança alimentar, a higiene e o cuidado individualizado com cada refeição preparada. 


Localizada na rua Bom Futuro, no bairro Três Poderes, a Cão de Garfo oferece opções de alimentação natural à pronta entrega para cães e gatos. São quatro variações de cardápio para cães: Picadinho de Carne, Salpicão de Frango, Lombinho Agridoce e Sensive, este último voltado para cães com restrições alimentares. As porções estão disponíveis em embalagens de 1kg por R$ 55,00 e 500g por R$ 35,00. Para gatos, a alternativa é o Ensopado de Frango, vendido em porções de 1kg por R$ 48,00 e 500g por R$ 28,00. Além das opções prontas, a empresa também trabalha com a produção de dietas prescritas, preparadas conforme orientação profissional e adaptadas às necessidades específicas de cada animal. Os pedidos podem ser feitos pelo iFood ou WhatsApp (99) 99171-1988 e para acompanhar de perto os bastidores da produção e depoimentos de clientes é possível acessar o Instagram @caodegarfo.

Nessa entrevista realizada durante a tarde do dia 30 de junho de 2025, a idealizadora da primeira cozinha natural para cães e gatos fala sobre sua trajetória, desafios, mitos comuns enfrentados na divulgação da AN, os resultados obtidos com os animais que aderem a esse estilo de vida e os planos futuros para ampliar o acesso à alimentação consciente em Imperatriz. Confira:

“Não é sobre alimentar para sobreviver. É sobre alimentar o seu animal para que ele viva com saúde, qualidade de vida e ainda viver por mais tempo.”

Imperatriz Notícias – Giselly, você tem formação em Enfermagem, mas decidiu empreender em outro ramo. Em que momento você percebeu que queria cuidar da saúde dos animais por meio da alimentação?

Giselly Vieira – Foi após a minha experiência pessoal no cuidado com a minha cadela que já morreu. Ela se chamava Lupita. Aos três meses de vida ela foi diagnosticada com leishmaniose. Com dois anos, ela começou a apresentar sintomas de síndrome inflamatória intestinal, mas a única solução que davam era uso de antibióticos. Aos 3 anos teve uma doença do carrapato e a inflamação do intestino piorou muito. Foi aí que a veterinária que a acompanhava falou sobre intolerância alimentar. E eu busquei na internet um profissional de nutrição e comecei a fazer a comida dela em casa. Então percebi que outras pessoas tinham histórias parecidas com a minha. E daí surgiu a Cão de Garfo.

I. N – A Cão de Garfo não surgiu do acaso. Desde o início, você buscou conhecimento com profissionais renomados no Brasil. O que te motivou a buscar especialização e investir na criação de uma estrutura tão robusta como a primeira cozinha industrial da cidade voltada para pets?

G. V – Eu gosto de organização e entendo que o cachorro ou gato de alguém é às vezes a única companhia que essa pessoa tem. Portanto é um membro importante da família. A busca por conhecimento e o investimento em construir um espaço apropriado destinado apenas para produção de alimentação natural foi no intuito de oferecer segurança na hora de produzir. Evitando contaminação do alimento. Não é apropriado usar a mesma cozinha de casa para produzir alimentação natural, devido a circulação de pessoas e animais, pois as bactérias ficam no ambiente e isso é um risco.

I.N – Até abril de 2024, a empresa já havia produzido mais de 4 mil refeições e atendido mais de 120 animais.Você tem algum levantamento atualizado sobre esses números?

G.V – Já são cerca de 150 animais e 6 mil refeições. Só esse ano já produzimos 300 quilos de alimentação natural.

I.N – O que esses números representam para você hoje?
G.V – 
Significa que o público certo vem sendo alcançado. E significa que as pessoas estão entendendo o que eu estou falando. Não é sobre alimentar para sobreviver. É sobre alimentar o seu animal pra ele viver com saúde e qualidade de vida, e ainda viver por mais tempo.


I.N – Nas redes sociais da Cão de Garfo, você reforça que alimentação natural não é resto de comida, mas um cardápio nutritivo e balanceado.Quais os principais mitos que você enfrenta ao divulgar esse tipo de alimentação?

G.V – Dizer que a alimentação natural é cara. Esse é o principal. No início pode até parecer caro, a curto prazo. Mas quando o tempo vai passando e o cachorro para de adoecer, você para de gastar dinheiro indo com ele pro veterinário, aí o tutor entende que é um investimento e não um gasto.

“Não é apropriado usar a mesma cozinha de casa para produzir alimentação natural, devido a circulação de pessoas e animais, pois as bactérias ficam no ambiente e isso é um risco”

I.N – Que tipo de resultado você costuma ver nos animais que passam a adotar esse estilo de vida? 

G.V – São animais extremamente saudáveis. A alimentação natural sozinha não pode fazer um milagre. Assim como os humanos, os animais precisam de rotina. Passeios diários, sono de qualidade, uma vida sem estresse e uma alimentação balanceada são o segredo para uma vida feliz. Cães precisam de tutores conscientes, não é só alimentar precisa dedicar tempo para eles.

I.N – Uma matéria publicada pelo jornal “Gazeta do Povo” em maio de 2024 relata que a alimentação natural para cachorros é capaz de aumentar a longevidade dos bichinhos. De acordo com sua experiência na área, isso é verdade?  Eles realmente vivem mais?
G.V – Eu tenho dois clientes com 17 anos de idade. Eles sempre comeram alimentação natural. Mas não era balanceada, era comida de panela. Tanto que eles tiveram alguns problemas no fígado e rins. Há três anos eles estão comigo comendo de forma balanceada. E são muito saudáveis agora. E ainda vão viver muito! 

I.N – A Cão de Garfo oferece planos alimentares, dietas personalizadas e refeições prontas. Como você organiza esses serviços para atender tanto quem busca praticidade quanto quem tem demandas específicas?
G.V – Nós produzimos alimentação natural semanalmente para manter o estoque abastecido e os clientes de demanda livre poderem fazer seus pedidos. Muitos desses tutores oferecem alimentação natural misturada com ração, porque os cães já cansaram de comer bolinha marrom. As dietas personalizadas dependem da disposição dos clientes. A gente produz de acordo com a condição de cada um. É algo mais variável.

I.N – Após deixar a Enfermagem para se dedicar integralmente ao empreendimento, você criou uma nova forma de cuidar. Como você define hoje sua missão com a Cão de Garfo?
G.V-
Conhecimento é poder já dizem por aí. Eu uso os meus conhecimentos da saúde para cuidar dos animais. Eles são mais parecidos com a gente do que muita gente imagina.Cães e gatos tem pancreatite, gastrite, obesidade, diabetes, hipertensão, artrite, e várias outras coisas que nós humanos temos. Eu sinto prazer em poder ajudar os donos e seus animais. Assim como eu fiquei feliz em ver o resultado dos pacientes que eu atendia. Acho que a minha missão é gerar consciência e senso de responsabilidade em cada tutor que passa por aqui e isso começa com a alimentação.


I.N – Para finalizar, Você mencionou que cães e gatos enfrentam problemas de saúde muito semelhantes aos nossos, como obesidade, gastrite e diabetes. Isso mostra como o cuidado com a alimentação deles exige o mesmo nível de atenção que temos com a nossa. Na sua vivência, o quanto a desinformação sobre a saúde dos pets ainda atrapalha o trabalho de quem promove uma alimentação mais consciente?
G.V –
Muita gente ainda acha que cachorro pode comer qualquer coisa. Nós estamos falando de animais domésticos, criados em casa, apartamentos. É diferente de animais de rua, que comem realmente qualquer coisa para sobreviver. E essa diferença ainda não está na cabeça de muita gente que não entende ou não quer entender.