Por: Virna Águida
Em entrevista concedida ao Imperatriz Notícias, o vereador Whallassy Oliveira conta sobre a sua representatividade na cidade e seus planos para os próximos anos no cargo político.
Imperatriz Notícias: Muita gente fala que você é o primeiro vereador LGBT+ de Imperatriz, qual o seu sentimento ao ouvir isso?
Whallassy Oliveira: Eu entrei para a história por ser o primeiro vereador LGBT a entrar dentro da Câmara, porque os outros que passaram por lá tiveram medo de assumir quem eles eram. Eu tenho consciência, eu sei que eu não sou o primeiro gay que passou pela Câmara Municipal de Imperatriz, eu fui o primeiro que tive coragem de falar. Falam que eu já entrei com discurso de lacração, mas se você não entende a dificuldade, a arbitrariedade para eu ocupar aquele local, que para mim foi dez vezes mais difícil do que para um homem hétero e cis. Se a pessoa não consegue entender isso ela precisa de arte e de cultura na vida dela para passar a entender, precisa de educação para passar a entender os privilégios que tem certas pessoas. Eu nunca usei isso para me vitimizar, sempre usei como combustível. Mas eu também não quero ser o único, quem vai ser o novo gay desaforado que vai estar lá gritando por respeito? O preconceito nunca vai acabar, sempre vamos ter que estar brigando. É o viadinho, mas ele é vereador.
IN: Você fala que a arte despertou em você a necessidade de ser uma pessoa política, como foi essa trajetória?
WO: Foi a coisa mais dolorosa que eu já fiz na minha vida, quando eu fiz a transição de artista para artista político, porque quando eu era só um artista eu não era uma ameaça. A partir do momento que eu me tornei um artista político, eu passei a ser uma ameaça para eles, eu sofri e todos que estavam ao meu redor sofriam juntos, porque quando eu era retaliado sobrava pro Okazajo. Uma forma que eles achavam para me afetar era afetando a minha base, os meus amigos. Foi um processo muito difícil, mas eu escolhi lutar, então eu tinha que aguentar as pancadas. Cai, fiquei no chão, tive depressão, mas retomei a luta porque eu sabia que ia chegar aqui.
IN: E o que você espera deste mandato?
WO: Estou lá dividindo o mesmo poder de fala que todos eles e isso é só o começo. Eu quero que surjam outros que defendam a cultura. Que briguem pela cultura. E quando a gente fala cultura, tem muita gente que pensa que o político defende só aquilo, e não é. Quando o político está dentro da casa de defesa do povo, ele vai defender todos, mas essa é a minha principal bandeira, sempre vai ser, minha maior vivência. Mas eu vou defender a população como toda.