Júlia Pantoja
Loja fixa com peças artesanais feitas a partir de diversos materiais-Lucas Calixto
As Silvas-Redes Criativas é uma loja-escola que funciona de duas formas. A primeira, uma loja fixa que disponibiliza um espaço para estes artesãos e cooperativas comercializarem os seus produtos. Já a segunda, uma escola que faz parte do Centro Cultural Tatajuba, onde são oferecidas oficinas gratuitas de capacitação para estes trabalhadores artesanais. Tendo sua inauguração oficial no dia 5 de junho de 2024, Solanda Tatajuba a criadora do projeto, ressalta quais foram os percalços a serem superados até o dia da sua abertura “Um dos grandes desafios foi articular o modo de gestão, de como poderíamos unir as vendas dos produtos dessas pessoas com a proposta de capacitação e inovação. Inauguramos a loja na época com 49 artesãos e, com a repercussão que tivemos, hoje contamos com mais de 90 artesãos em nossa rede e estamos sempre de portas abertas para quem quiser empreender”.
Com uma ampla variedade de produtos artesanais que podem ser comercializados, desde de peças feitas de madeira, fibra do buriti ou com várias partes do babaçu, biojoias e uma gama de peças feitas à mão. O crochê, um dos mais clássicos dos artesanatos, é o elemento principal de convecção da loja, sendo possível ser encontrado de diversas formas, como, bolsas, roupas, jogos americanos e entre outros.
Uma iniciativa independente e apoiada por empresas voltadas para ações e atividades recreativas que irão beneficiar diretamente a população da cidade, são elas, o Instituto Localiza que foi a primeira instituição a acreditar e ajudar desde da criação do As Silvas; o Centro Cultural Tatajuba que recebe patrocínio do Instituto Cultural Vale junto com a Lei de Incentivo à Cultura- Lei Rouanet; o Banco do Nordeste e a Suzano, e que tem como principal propósito transformar a vida das pessoas através da formação, capacitação e a geração de renda direcionada a arte e a cultura.
Selma Lima, de 45 anos, auxiliar administrativa de formação. É uma das alunas do Centro Cultural Tatajuba e artesã em crochê com couro que tem seus produtos vendidos na loja conta como o artesanato entrou na sua vida. “Eu estava trabalhando até o ano passado, mas a empresa foi desativada e 3 meses depois sofri um acidente de moto. Foi no dia 23 de agosto, no dia do aniversário da minha filha Hillary que completava 1 ano. Fraturei 2 ossos da canela, a tíbia e a fíbula e fiz 2 cirurgias. Estou bem Graça a Deus, mas fica difícil arrumar emprego pelo fato de permanecer muito tempo em pé. Passo por problemas psiquiátricos e tomo remédios controlados, não tenho vergonha em dizer até porque superei muitos obstáculos”.
Bolsa de crochê em couro-Hillary da Silva Sousa
Souplast e cestas de crochê-Hillary da Silva Sousa
Para ela, a arte do artesanato foi e tem sido muito mais do que um apoio emocional. “Então, comecei em casa fazer crochê como terapia para ocupar a mente porque sempre tive uma vida corrida e foi aí que conheci o Tatajuba. Me inscrevi no curso de artesanato porque sou boa em desenhar, recortar, recriar e foi isso que me devolveu a esperança de sorrir. O artesanato me salvou, nunca foi uma renda ou um propósito de venda, mas sim de recuperação tanto mentalmente como fisicamente”.
Apesar da escassez de alguns produtos nos armarinhos da cidade, materiais de artesanato em geral são utilizados na fabricação de suas peças, são eles: fios de barbantes, algodão e couro e entre outros. Passando por técnicas de costura, colagem e cortes em cada etapa, a sua arte ganha um toque a mais por ser feitas todas de forma artesanal e manual sem ter nada de industrial até chegar ao produto final.
Durante a sua reinvenção e descoberta pessoal, a mulher afirma a importância das aulas de empreendedorismo para a comercialização do seu trabalho “Fiz o curso de bolsas de lona e artesanato em couro. Aprender, evoluir e empreender naquilo que você mais ama”. Entretanto, a mesma ainda se depara com algumas dificuldades nesse mundo dos negócios, até porque o artesanato está constantemente mudando e evoluindo, sendo assim preciso estar atualizado para alcançar o público alvo.