Moradores do Nova Açailândia II exigem estrutura planejada no bairro

Texto e fotos: Elizangela Almeida

Com aproximadamente três mil famílias, o bairro Nova Açailândia II, na cidade de mesmo nome, carece de medidas sociais que garantam o cumprimento dos direitos dos cidadãos. “Há 10 anos estou morando aqui e durante todo esse tempo não presenciei muitas mudanças”, destaca Dagmar Monteiro, de 59 anos, uma das primeiras moradoras da localidade.

A região atualmente possui pequenos estabelecimentos comerciais que facilitam a compra de produtos para alguns residentes. No entanto, muitos reclamam da falta de um supermercado e de posto de saúde com presença cotidiana de um agente da área para apurar as condições ambientais das famílias.

Para a Raimunda Silva, moradora há 12 anos, o lugar é bastante tranquilo. “No entanto, escuto muitas reclamações de alguns vizinhos dizendo que o bairro está abandonado pela prefeitura desde quando ele foi inaugurado. Mas não tenho muito o que reclamar: olhando para o lado das necessidades, o tratamento dos buracos nas ruas seria um bom começo”.

Buraco na rua provocado pela chuva na rua Jatobá de Sousa

Quando um bairro está em expansão como o Nova Açailândia II, é importante que a prefeitura possa garantir uma estrutura planejada, como hospital, supermercado, lojas de conveniências e áreas de lazer.

“Quem perde é a comunidade desassistida, sem apoio necessário e sem usufruir dos seus direitos. Com o aumento dos indivíduos faz-se necessário um Centro de Apoio aos Idosos, junto com a realização de uma praça adaptada com a presença de educação física para o público”, frisa Linda Vasconcelos.

Em 2016 foi implantada a Escola Técnica Profissionalizante do Senai, que antes era municipal, onde Josiane Cruz costumava estudar. Ela acredita que essa mudança é uma vantagem para os jovens. Segundo a moradora, a esperança das mães é a inauguração prometida de uma creche, o que ajudaria no fato de as crianças não precisarem mais se locomover para estudar no centro da cidade. Mas Josiane tem outras reivindicações. “É preciso um cyber, uma farmácia e um posto de saúde. A dependência do centro precisa ser superada”, pontua.

Escola Técnica do Senai auxilia na formação profissional da comunidade

Para os jovens seria incrível poder praticar esportes durante os momentos de lazer, como conta Wadrian Sousa, de 17 anos, que mora na Nova Açailândia II com seus avós e a sua irmã. “Seria legal se no bairro tivesse uma pracinha para bater um papo, sabe? E uma quadra de esportes, o meu favorito é jogar bola”. Wadrian explica que, como a povoação não oferece entretenimento para os adolescentes, ele se diverte quando vai para a escola e anda de bicicleta.

Novidades

A Associação de Moradores do Bairro Nova Açailândia II é composta por 400 membros. Divididos em dois grupos, os integrantes se reúnem todo mês para debater sobre os protestos dos moradores. As pretensões acolhidas pela Diretoria Decetiva, que funciona como ouvidoria das exigências feitas e está aberta diariamente para solicitações.

O presidente atual da Associação, Márcio Gardeni, conta que a intenção é ouvir as reclamações, que podem ser feitas por grupos das redes sociais WhatsApp e Instagram. “O objetivo da associação é aproximar as dificuldades do bairro com a prefeitura de Açailândia”, esclarece.

Gardeni acredita que o bairro é esquecido pelas autoridades em relação às políticas públicas. Mas pondera que, por mais que a situação seja precária, muitos pedidos foram atendidos pela prefeitura. Ele cita como exemplo a pavimentação de três ruas no território e a chegada de um agente comunitário de saúde. “Fizemos uma solicitação por meio da Secretaria de Infraestrutura para o cobrimento de buracos nas ruas e exigimos o retorno da obra da Unidade Básica de Saúde”, aponta como principais requerimentos.

Esta matéria faz parte do projeto “Meu canto também é notícia”, desenvolvido com os estudantes do 1º semestre do curso de Jornalismo da UFMA de Imperatriz (MA). Eles e elas foram estimulados a procurar histórias no entorno onde vivem.