Texto e fotos: Ana Gabriela Fonseca
Antes das 7 horas da manhã, o Mercado Municipal de Balsas já está de portas abertas. O setor de cereais e açougues se prepara para mais um dia de vendas no novo ambiente de trabalho. O local, que antes era precário e sem higienização, deu lugar a um novo espaço, mais bonito, limpo e convidativo. Para José da Cruz Rodrigues, cerealista há mais de 30 anos, o ambiente sofreu alterações de higienização importantes. “Mudar para esse novo mercado foi bem bacana. As pessoas vêm e a gente recebe com satisfação”, expõe o senhor de 52 anos enquanto limpa as bancadas de cereais. “Aqui vendo de tudo, feijão, farinha e também tem a fava”.
O Mercado, que fica no centro da cidade, estava com a estrutura comprometida e os lojistas reclamavam das más condições de trabalho. Além disso, o lugar, conhecido pela venda de comidas regionais, competia com ratos e animais de rua, sendo um perigo sanitário para todos que consumiam os alimentos. Para João da Rocha, vendedor de uma loja de roupas próxima ao estabelecimento, os ratos eram um perigo para todos os comércios daquela região. “Mermo limpando tudo e tirando o lixo, os ratos sempre apareciam, só porque o mercado vivia sujo demais. Mas agora tá bom que só, ainda tem um lugarzin pra passear, né?”, reflete o vendedor.
Antônia Martins da Silva, lojista há mais de 15 anos no Mercado, reflete que o ambiente era precário e insalubre. “Hoje não, as pessoas se acanham de jogar até um papel de balinha no chão, não joga. Têm consciência de que aqui é limpeza total”. A senhora, que também é conhecida como Tunica, ainda enfatiza que as vendas “melhoraram 100%” depois da reforma.
Ambiente limpo
No novo espaço tem de tudo, cereais, área de alimentação, lojas de artesanato e até de roupas. Atualmente, com a parceria da Associação de Lojistas e a prefeitura municipal, o Mercado Municipal de Balsas é símbolo de organização e limpeza. Conta com cursos, treinamentos e qualificações para todos os boxes. “Tudo isso para manter o mercado em plena atividade e esse modelo tem dado certo até agora”, ressalta o secretário de Turismo e Desenvolvimento Econômico, Adriano Tito, que se mostra animado com todas as mudanças que ocorreram.
Com a proximidade do horário de almoço dos trabalhadores da região, o cheiro do mercado muda. Pode-se sentir de longe o aroma de panelada quentinha e da carne de sol, o prato típico da mesa dos balsenses. “Nenhum começo é fácil, mas a gente já tinha uns cliente fiéis e que já vinham antes da reforma. Agora o povo vem muito almoçar aqui, né? E tá dando pra tirar o nosso sustento”, reflete Maria José Lopes, filha de uma das cozinheiras mais conhecidas do Mercado. Enquanto lava louça, ela menciona que muitos trabalhadores dali são filhos de antigos lojistas e enfatiza os saberes e negócios repassados a cada geração.
– O que a senhora tem de bom aí?
– Ah, meu filho, aqui tem tudo e mais um pouco.
– E o que é esse negócio aqui?
– Meu fi, isso aí se chama tapiti.
É pra prensar a macaxeira e fazer beiju e fécula. Ester Silva Câmara herdou a loja de produtos artesanais da mãe e ainda largou as aulas de educação física para se dedicar ao amor pelo negócio da família. Todos os dias Ester explica para os turistas os significados dos artefatos regionais e culturais. “Com essa época de férias os turistas tão vindo muito, sabe? Então tá vindo muita gente mesmo”. A comerciante ainda garante que o Mercado Municipal é um dos principais pontos turísticos da cidade.
Balsas tem se qualificado para receber o turismo na região. Além de ter sido recentemente adicionado no Polo Turístico da Chapada das Mesas, a cidade contará com a visita do Rally dos Sertões para promover mais visibilidade e uma fonte de renda extra para o turismo local. “Balsas tem passado por um reposicionamento no cenário regional do turismo, ampliando sua gama de atrações. As expectativas são muito boas de que a gente receba cada vez mais turistas. Procurando não só os atrativos da cidade, mas de toda a região do polo turístico”, afirma o secretário de Turismo.
Lazer Noturno
O dia se finda, mas ainda não é hora de fechar as portas. O forró pé de serra em som ambiente dá lugar ao sertanejo raiz, acompanhado do chopp, petiscos e muitas conversas animadas. Na frente do mercado, as mesinhas de bar são montadas e é hora de aproveitar o turismo noturno da região. “Eu vim aqui antes da pandemia, e nossa! O climinha era gostoso, mas agora é bom demais. Prefiro muito mais sair quando venho aqui do que lá em Goiânia, aqui a vibe é bem melhor”, declara Neide Dennis, brincando com o marido José, que só sente falta dos bolinhos fritos que vendiam antigamente. “Cheguei em Balsas e vim correndo comprar o bolo frito, mas descobri que não vendem mais, acredita?”. O marido ainda complementa: “Falta um telão pra assistir o futebol, né? A Copa tá bem aí”. Enquanto isso, pede mais uma cerveja.
O Mercado Municipal de Balsas é um marco para a cidade e um ponto turístico atrativo para quem vem de fora. José Wilson, filho de balsenses, mas que hoje mora em Brasília, destaca que não gostava do mercado. “Esse mercado era uma vergonha para a cidade, na verdade era um lixo. Não gostava nem de comprar os produtos daqui. Agora quero vir aqui sempre”.
- Esta matéria faz parte do projeto “Meu canto também é notícia”, desenvolvido com os estudantes do 1º semestre do curso de Jornalismo da UFMA de Imperatriz (MA). Eles e elas foram estimulados a procurar histórias no entorno onde vivem.
