Tayná Duarte
Maria Rainara
Fotos: ASCOM/SEDES/PMI
Em uma pandemia, é muito fácil pensar no cotidiano das pessoas que possuem um domicílio para respeitar as normas de distanciamento social. Com uma cidade com quase 300 mil habitantes – 259 337 mil para ser mais exato – muitas minorias ficam apagadas dos olhares do poder público, qualquer que seja ele, do município à União. Com isso, vem à tona uma dúvida que muitos não sabem a resposta: Como a população de rua anda sendo assistida pelas autoridades públicas numa crise sanitária global?
Visto isso, a equipe do Imperatriz Notícias entrevistou a titular do Desenvolvimento Social da Prefeitura de Imperatriz e também a primeira-dama, Janaína Ramos. Formada em Nutrição pela Unisulma, a Imperatrizense faz parte do seleto grupo de conterrâneos a participar da alta administração executiva municipal, tendo assumido o cargo no segundo ano de mandato do reeleito prefeito Assis Ramos (DEM). A Pós-Graduada em Prescrição de Fitoterápicos e Suplementação Nutricional Clínica e Esportiva além de comandar uma das mais importantes secretarias municipais, também é mãe e estudante de pós-graduação, conforme o perfil levantado pelos links institucionais da Prefeitura de Imperatriz.
Até o momento, nenhuma medida afirmativa foi anunciada pelo Governo Federal, o que deixa as Prefeituras responsáveis por lidar com esse público que não foi alvo de nenhum programa específico por nenhum dos três poderes no Maranhão. O plano de vacinação não é claro em relação a esse público, visto que para se vacinar, é necessário ter domicílio fixo, e obviamente, essas pessoas não possuem. A cidade de Imperatriz possui duas instalações próprias para abrigar o público que vive nas ruas da cidade, uma equipe de atuação externa, com visitas frequentes às pessoas enquadradas nessa situação.
Ainda assim, a procura não é tão alta como se espera. Os dados da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social relatam que pouco mais de dez pessoas estão alocadas apenas em um abrigo mantido pela Prefeitura, ainda que muitos deles se recusem a adentrar nos programas de assistência habitacional mantidos pelos Governos, as instalações mantidas pela Prefeitura são suficientes para abrigar todo o contingente dessa população de Imperatriz. O último levantamento aponta 1.109 atendimentos pelo Centro POP, datados do mês de Julho de 2020.
A rede de atendimento da secretaria conta com dois abrigos para essa população, mais um específico para mulheres vítimas de violência doméstica, incluido a presença de uma equipe multidisciplinar presente em todas as instalações de apoio da SEDES, incluindo médicos, enfermeiros, psicólogos, farmacêuticos, assistentes sociais, e técnicos-administrativos capacitados pelos Ministérios da Saúde e Cidadania, sem esquecer da ampla presença dos Centros de Referência de Assistência Social, da Casa do Idoso e Restaurante Popular, que se adaptam para assistir a população sem teto.
Imperatriz Notícias: A pandemia chegou de uma forma muito sorrateira, os primeiros pensamentos foram de isolamento social, mas e quem não tem casa, o que foi pensado nos primeiros momentos da pandemia do novo coronavírus?
Janaína Ramos: Nós da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, Sedes, nos colocamos desde o início à disposição do público-alvo desta pasta, ou seja, a população com alguma vulnerabilidade social. Entre as atitudes tomadas diante da pandemia e também com a coincidência de situações de alagamentos na cidade, próprias do período chuvoso, intensificamos a oferta dos benefícios eventuais, inclusive a distribuição de cestas básicas; criamos as centrais telefônicas para que a população entrasse em contato, sem ter que se deslocar até à Secretaria; os abrigos da Sedes foram melhorados para receber mais pessoas e mais abrigos foram alocados à época para aumentar a oferta de acolhimento; o benefício eventual do aluguel social também foi garantido àqueles que ficaram desabrigados e todos os casos de extrema vulnerabilidade que chegaram ao conhecimento da Sedes, foram direcionados e dirimidos pela equipe de assistentes sociais.
I.N.: A busca por serviços de abrigo aumentou desde o início da disseminação do vírus?
J.R.: Não foi registrado um aumento significativo por abrigos relacionado à pandemia, mas sim, à situação de alagamentos, venezuelanos e outros em situação de rua.
I.N.: Em relação à vacinação, sabemos que alguns cumprem pré-requisitos para ser vacinado nessa primeira fase, seja pela idade ou pelas comorbidades, como anda a imunização dessa população?
J.R: A imunização segue priorizando os idosos, profissionais de saúde e alguns outros grupos de profissionais, como os coveiros. As informações mais detalhadas sobre o cronograma de vacinações podem ser repassadas por representantes da Secretaria Municipal de Saúde, Semus, a exemplo, a própria secretária de saúde.
I.N.: Como a Prefeitura se preparou para um possível aumento de solicitações dos serviços sociais na Pandemia?
J.R: Além de todas as condutas que foram tomadas a nível municipal, citadas acima, a Sedes também seguiu orientações do Governo Federal, Organização Mundial de Saúde e do próprio Ministério da Cidadania.
I.N.: Os auxílios fúnebres também assistem pessoas falecidas pelo novo Coronavírus?
J.R: Sim, com certeza, inclusive houve um aumento da procura por este benefício eventual e as demandas estão sendo prontamente atendidas.
I.N.: É bem perceptível que estamos vivendo uma segunda alta de infecções. Algum benefício está sendo previsto de ser retomado?
J.R: Pelas informações que vêm sendo divulgadas, a elegibilidade ao auxílio emergencial 2021 ainda será analisada pela Dataprev e a estimasse que a partir de 1º de abril, cada cidadão possa verificar o resultado pelo aplicativo mesmo. O que significa dizer que todo esse procedimento não passa pela Sedes.
I.N.: A Prefeitura pensa em criar uma renda básica para famílias sem renda nesse período?
J.R: Não. Até o momento não temos previsão e nem recursos para este tipo de providência. Mas a Prefeitura tem trabalhado na ideia de um auxílio municipal com taxa única para os profissionais da música e donos de bares, que foram um dos grupos muito prejudicados pela pandemia.
I.N..: Como anda o atendimento dos CRAS de Imperatriz?
J.R: Continua de forma remota, atendimento por central telefônica, e em alguns casos pontuais, caso seja necessário o atendimento presencial, é orientado agendado pelos números:
Cras Santa Rita – 99165-6154
Cras Santa Lúcia – 98501-2379
Cras Bom Jesus – 99198-6223
Cras Bacuri – 99107-8332
Cras Cafeteira – 99100-0202.
E claro, mediante este agendamento, o cidadão deve ir ao Cras utilizando obrigatoriamente a máscara. O usuário também pode enviar e-mail para: sedes@imperatriz.ma.gov.br
I.N.: Algum serviço social precisou ser interrompido? Se sim, por quê? Como foi contornado?
J.R.: Todas as atividades presenciais de todos os programas foram interrompidas, para evitar contaminações com o novo coronavirus. Contornamos com centrais de atendimento, atividades remotas, vídeos interativos nas redes sociais e Whatsapp (como foi ofertado aos idosos da Casa do Idoso Feliz e outros programas também); mensagens de texto e ligações telefônicas. Sabemos que esta não é a forma ideal de oferta dos serviços, mas, mediante a situação que não só a nossa cidade, mas o Brasil e o mundo inteiro enfrentam, estamos fazendo o que está ao alcance e aguardando esperançosos por dias melhores.