No Maranhão, esse ano, os votos não válidos somaram 12,62% do total, menor que em 2014
Repórteres: Evellyn Lima e Mayra Luz
O resultado do eleição para governador do Maranhão apontou que os votos brancos e nulos caíram. Conforme o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), esse ano, na escolha para o poder executivo estadual, os brancos e nulos somaram 12,62% do total. Foi menor do que o contingente de brancos e nulos registrados na eleição anterior para governador, em 2014, que foi de 13,94%.
Antes do pleito deste ano, os números anunciavam tendência de queda na intenção de anular ou optar pelo branco nas eleições. No Maranhão, a pesquisa do Ibope, divulgada em 19 de setembro, apontava que 7% dos entrevistados pretendiam votar nulo ou branco para governador. Já na pesquisa divulgada antes, em agosto, o número de intenções para votos brancos e nulos para o cargo de governador tinha sido maior, chegava a 8%, atingindo 10% na pesquisa espontânea.
Além da insatisfação com o cenário político e os candidatos disponíveis, o tempo do horário eleitoral é um dos fatores que influencia nas decisões por votar nulo ou branco. É o que explica a cientista política e professora do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Michele Massuchin. Por ser um tempo curto para a apresentação de propostas do candidato, os indecisos vão decidindo em quem votar com novas informações chegando até eles por meio de outras fontes de informação, como jornais e redes sociais, o que é intensificado com a aproximação das eleições, algo que incentiva quem pensava votar nulo ou branco a escolher um candidato.
Michele Massuchin: eleitores têm perfil heterogêneo
É importante ainda destacar que os eleitores que optam por votar nulo ou branco têm perfil heterogêneo. “São pessoas que pensam ou que são mais propensas a votarem em candidatos diferentes, porque às vezes a pessoa pode dizer que vota branco ou nulo, em algum momento ela vai dizer que estaria mais propensa a votar num candidato ‘X’ ou num ‘Y’, que pensam muito diferente”, esclarece a especialista.
Opção
O acadêmico de Engenharia Florestal, Kayron Marinho, de 21 anos, garante que é um eleitor que costuma evitar votar em candidatos. Ele afirma que vota nulo desde que tirou o título de eleitor, o motivo dessa decisão se deve ao fato dele ver o sistema eleitoral do Brasil como falho, em todos os níveis, seja municipal, estadual ou nacional. “Nós somos cidadãos democráticos, mas temos muitos problemas com o caráter dos candidatos que se colocam em cargos para serem ocupados”. Ele acredita que o cenário político brasileiro está muito bagunçado. “Nós temos muito o que aprender tanto como cidadão político, porque muitos não tem um senso social que deveriam ter para exercer cargos que influenciam diretamente a sociedade. A gente não tem cidadão que possa representar a sociedade e a grande massa”, afirma ele.
Nas urnas
Segundo o Tribunal Regional Eleitoral (TRE), votos válidos são considerados apenas os votos nominais e os de legenda, os votos brancos são aqueles em que o eleitor não manifesta preferência por nenhum dos candidatos. São registrados quando o eleitor pressiona a tecla “branco” na urna e, em seguida, a tecla “confirma”. Os votos nulos são aqueles em que o eleitor manifesta sua vontade de anular o voto. Para votar nulo, o eleitor precisa digitar um número de candidato inexistente, como por exemplo, “00”, e depois a tecla “confirma”.
A pergunta “ como anular o voto?” foi o tema mais buscado no Google, que lançou duas ferramentas dedicadas ao pleito eleitoral: a página Eleições 2018, uma central de dados sobre o tema, e o site Na busca do Candidato. As páginas do Google sinalizam o interesse do brasileiro sobre assuntos relacionados às eleições, mas vale ressaltar que elas não representam a intenção dos votos dos eleitores.
A página Eleições 2018 demonstra dados atualizados em tempo real e de acordo com o período de cada tópico. É possível visualizar quais os temas centrais que mais despertam interesse do leitor e a pergunta “Como votar nulo?” foi a mais pesquisada 30 dias antes das eleições.
*Reportagem produzida na disciplina Jornalismo Político (2018.2), do Curso de Jornalismo (UFMA Imperatriz). Fotos: Evellyn Lima e Mayra Luz