“Ela é pop! É popular! É a Britney do Nordeste”: entrevista com a personagem imperatrizense Seketh Bárbara

      Texto de Quezia Alencar

       Fotos de divulgação

Seketh Bárbara ou “titia Seketh”, assim denominada por seus fãs, continua viralizando com suas paródias. Um exemplo emblemático é a letra “bicha, pague meu dinheiro”, clipe que rendeu a personagem imperatrizense mais de um milhão de visualizações no youtube, divulgado em setembro de 2015. A canção, conforme explica, fala do cotidiano de praticamente qualquer pessoa. Por exemplo, quem nunca teve uma amiga que você emprestou dinheiro e ela nunca devolveu? Questiona.

A Seketh Bárbara é uma personagem de um espetáculo humorístico chamado TV Okazajo, que retrata o cotidiano de uma TV fictícia. O espetáculo da companhia está em cartaz há mais de 10 anos. A primeira paródia foi feita em 2010, com o intuito de divulgar o espetáculo Okazajo na cidade. Resolveram colocar os clipes que faziam apenas para o espetáculo na internet. Com a publicidade, os materiais exibidos no teatro, Seketh foi se destacando principalmente nas redes sociais.

Hoje, a titia Seketh tem seus 48 mil “sobrinhos” na página do Facebook e quase 19 mil no Instagram. A humorista vem conquistando seu público, diz que tenta sempre manter uma interação através das mídias sociais. Faz shows por todo o Brasil, como Manaus e Fortaleza, lotando eventos, geralmente voltados á classe LGBT.

A Britney do Nordeste lança um novo trabalho no final de junho, chamado “mona ostentação” e que, segundo ela, conta a história daquela pessoa que não tem nada, não tem casa, não tem nem mesmo o que comer, mas está sempre “luxando” com, Iphone e roupas de marca. Seketh diz que nas letras, tenta forçar a identidade das pessoas, e elas acabam se identificando com as situações mostradas. Agora confira a entrevista completa com ela, que é  “toda barbiezinha”.

"No começo as pessoas pensavam que eu era do Pará, pelo ritmo das músicas, e eu fazia questão de esclarecer que não. Eu quero que as pessoas saibam que eu sou daqui do Maranhão."
“No começo as pessoas pensavam que eu era do Pará, pelo ritmo das músicas, e eu fazia questão de esclarecer que não. Eu quero que as pessoas saibam que eu sou daqui do Maranhão.”

Imperatriz notícias: Qual seu maior sonho?  É ser cantora?

Seketh Bárbara: Não sou bem cantora, sou humorista. Até porque não canto nada (risos). Eu brinco com a questão de cantar, faço humor com isso. Meu sonho sempre foi fazer as pessoas rirem, me realizo com as pessoas se divertindo, vendo o meu trabalho.

I.N: Como foi ser reconhecida nacionalmente?

Seketh: Foi muito louco, não imaginava que fosse viralizar dessa forma. Não esperava, mas eu sempre quis, até porque sou uma pessoa que tem presença, gosto de aparecer. E é bacana saber que o seu trabalho atingiu as pessoas de uma forma positiva.

I.N: Você já viajou pra Maceió, Recife, Belém, Fortaleza, e vários outros lugares. Como é fazer shows em outras cidades?

Seketh: Nunca pensei que ia chegar numa cidade como Manaus, por exemplo, e lotar um evento. Ainda me emociona muito, as pessoas ficam me esperando no aeroporto, para falar comigo, querem tirar fotos depois do show, me assusta um pouco. Fui pra São Luís também e foi uma loucura. E é porque São Luís é bem aqui, não é? E o pessoal fala que São Luís tem uma rejeição com o que é de Imperatriz e, no meu caso, não. As pessoas foram muito receptivas. Eu até falei no show, “gente eu sou de Imperatriz, a cidade inimiga de vocês”, e o pessoal morreu de rir.

I.N: Onde você busca inspirações na criação das letras, no seu visual e nos clipes?

Seketh: O meu visual é muito baseado na Britney Spears e na Shakira, é uma mistura. O pessoal faz até uma brincadeira de que eu sou a Britney do Nordeste. Nos espetáculos era rotulada assim, até porque tem muita coisa em comum. Eu até faço uma brincadeira, quando chego num evento, tem geralmente microfone com fio, e aí eu tiro o fio, porque com fio é difícil dançar, e o meu forte é dançar, não cantar. E então eu falo: “Olha, tirei o fio do microfone, mas tá live viu”. As pessoas morrem de rir, faço isso porque é uma referências à Britney, já que nós duas cantamos em playback.

I.N: Como é representar a classe LGBT aqui em Imperatriz?

Seketh: Acho bacana, até porque a simpatia maior vem da classe LGBT. Eu não gosto muito de rotular o meu público apenas para uma classe, sei que de certa forma não tem como fugir disso, mas quero atingir todo mundo. Eu canto o cotidiano. O meu trabalho é de quem ouviu, gostou e se identificou. E sinto orgulho em saber que o público LGBT me abraçou.

"E sinto orgulho em saber que o público LGBT me abraçou"
“E sinto orgulho em saber que o público LGBT me abraçou”

I.N: Depois de “Bicha pague meu dinheiro”, você lançou mais clipes que também tiveram bastante repercussão, com mais de 100 mil visualizações. O que você acha que é preciso para manter um público?

Seketh: Somando tudo, tem muito mais que isso, contando com o Facebook principalmente, porque muitas páginas divulgam. Eu tenho quase 15 mil inscritos no canal do Youtube. È um número grande pela quantidade de trabalho que a gente coloca. Depois de “Bicha pague meu dinheiro”  a gente lançou só mais quatro trabalhos, em um intervalo de 8 meses. Mas eu não me preocupo muito com números não. Lógico que é legal ver, mas não é o meu foco. Meu foco é fazer o que eu gosto e depois eu vejo quantas pessoas o meu trabalho irá atingir. E eu tento alimentar a página do Facebook diariamente com, eventos que eu participo, com acontecimentos da atualidade e com memes (expressões) que todo mundo usa. E também tento sempre responder todo mundo. Chego a responder de 20 a 30 mensagens por dia. Gosto muito de ter essa interação com o público.

I.N: De alguma forma, você representa o Maranhão no meio artístico e de entretenimento. Como você encara isso?

Seketh: No começo as pessoas pensavam que eu era do Pará, pelo ritmo das músicas, e eu fazia questão de esclarecer que não. Eu quero que as pessoas saibam que eu sou daqui do Maranhão. Porque, assim, o Maranhão tem pouca representatividade e expressão lá fora. Não só no cenário LGBT, mas em todo o cenário artístico, é meio carente. Então, gosto de deixar claro. E na verdade, é isso que eu quero que as pessoas saibam: que eu sou daqui.

I.N: Qual o próximo passo na sua carreira?

Seketh: Quero sempre trabalhar com o humor, e com esse respeito a todas as classes. Porque não quero que meu trabalho seja envolvido com polêmicas. Quero também deixar um abraço a todos que curtem e compartilham meu trabalho.